COMUNIDADES TERAPÊUTICAS NO BRASIL: EXPANSÃO, INSTITUCIONALIZAÇÃO E RELEVÂNCIA SOCIAL
Palavras-chave:
Comunidade terapêutica, Transtornos relacionados ao uso de substâncias, Institucionalização, Saúde públicaResumo
Paralelamente à expansão do consumo de drogas de abuso no Brasil, tem se observado um aumento da oferta de serviços que propõem a recuperação do usuário. Historicamente relegadas ao segundo plano, as comunidades terapêuticas atualmente são consideradas ponto importante na atenção ao usuário de crack pelas políticas públicas vigentes. Este estudo faz uma análise descritiva das comunidades terapêuticas, aprofundando alguns aspectos sociais e de saúde pública, principalmente no que se refere à sua expansão, ao processo de institucionalização dos sujeitos e sua relevância social. O estudo buscou no referencial teórico informações relevantes e de evidência científica sobre as comunidades terapêuticas, assim como as legislações voltadas para estas instituições e para as substâncias entorpecentes. Procedeu-se uma análise situacional do panorama atual das comunidades terapêuticas correlacionando-se a base teórica com dados empíricos obtidos das políticas públicas vigentes e da observação participante do autor em algumas destas instituições. A expansão das comunidades terapêuticas parece acompanhar a epidemia do crack. As comunidades terapêuticas, apesar de serem responsáveis pelo tratamento de mais da metade das pessoas com transtornos mentais relacionadas ao uso de substâncias no Brasil, são pouco estudadas através de meios científicos. Dependendo do processo terapêutico, podem servir como dispositivos adequados ou mesmo iatrogênicos no enfrentamento a dependência química.